Atualizado em 23/01/2021
Fonte: The Rio Times
Com capital 100% nacional e complexo fabril de biotecnologia nos Estados Unidos, o grupo União Química está entre as maiores e mais sólidas empresas da indústria farmacêutica brasileira.
“Estamos fazendo tudo ao nosso alcance para trazer a vacina (Covid19) para o Brasil”, disse o diretor de negócios internacionais da União Química, Rogério Rosso, ao The Rio Times.
“Se aprovada, será a primeira vacina totalmente 100% brasileira para a Covid19”, acrescentou Rosso.
O executivo russo disse que a produção brasileira da vacina aumentará em fevereiro e que espera que a aprovação da Sputnik V no Brasil seja resolvida nas próximas semanas.
Segundo funcionários da empresa, o Sputnik V é a única vacina Covid-19 usada no mundo atualmente que usa dois tipos diferentes de adenovírus humano como vetores virais, um em cada uma das duas doses previstas.
Na quinta-feira, executivos da União Química se reuniram com a ANVISA para discutir o assunto.
Embora em nota divulgada após a reunião a Anvisa tenha afirmado que a União Química ainda não havia feito o pedido de autorização emergencial, Rosso disse que o pedido foi feito em dezembro. A agência reguladora posteriormente revisou sua declaração.
“Durante a reunião, representantes da União Química apresentaram informações e afirmaram que têm interesse em cumprir todas as etapas regulatórias exigidas pela Anvisa para avançar com os estudos clínicos no Brasil e a autorização para uso emergencial”, diz a nota do órgão regulador.
Segundo a agência, novos documentos devem ser apresentados em breve. Uma nova reunião técnica foi agendada para sexta-feira, de acordo com Rosso.
No último sábado, funcionários da Anvisa disseram que não havia informações suficientes fornecidas pela empresa para justificar uma autorização de emergência.
Mesmo assim, o governo da Bahia entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo autorização para compra e aplicação autônoma de até 50 milhões de doses da Sputnik V.
Representantes da União Química disseram à imprensa que a ação do governo baiano é “independente” e distinta da farmacêutica.
Com capital 100% nacional e complexo fabril de biotecnologia nos Estados Unidos, o grupo União Química está entre as maiores e mais sólidas empresas da indústria farmacêutica brasileira.
A empresa fundada em 1936 com o nome de Laboratório Prata foi adquirida em 1970 por João Marques de Paulo, que criou a União Química, que faturou cerca de R$ 2,7 milhões em 2020 e emprega 6.349 pessoas. A empresa oferece medicamentos como o anticoncepcional Ciclo 21, com produção de 5,5 milhões de caixas por mês, ou mesmo a solução lacrimal artificial Lacrifilm.
Está estruturada em cinco unidades de negócio: Agener (pets, animais de produção e reprodução), farmacêutica (genéricos, similares e OTCs), genom (receita médica), hospitalar e outsourcing, sendo desde a década de 80 presidida por Fernando de Castro Marques , que explicou os detalhes sobre seu interesse no Sputnik V.
A empresa fabrica medicamentos para aproximadamente 30 especialidades médicas, incluindo anestesiologia, oftalmologia, psiquiatria, ortopedia e neurologia.
Ao todo, o grupo produz 31 milhões de unidades/mês e investiu mais de R$ 100 milhões em pesquisa e desenvolvimento em 2020.
Está entre as oito maiores corporações do mercado farmacêutico brasileiro com oito plantas fabris, duas fábricas de biotecnologia, uma delas no estado da Geórgia, nos Estados Unidos.
Segundo fontes, antes da pandemia a empresa brasileira buscava relações comerciais tanto com os governos chinês quanto com o russo, por conta de sua divisão animal.
“Em 2019 viajei para dezenas de países negociando os produtos da nossa divisão animal. Aí veio a Covid19”, explica Rosso. O diretor diz que o foco da empresa mudou rapidamente da divisão animal para a divisão farmacêutica.
Em agosto de 2020, a farmacêutica assinou contrato de transferência de tecnologia com a RDIF e o Gamaleya Epidemiology and Microbiology Research Institute, responsável pelo desenvolvimento da vacina russa.
Segundo o diretor de negócios internacionais, o Sputnik V foi desenvolvido pelo renomado Instituto Gamaleya, do governo russo.
“(Tem) mais de 130 anos de história no desenvolvimento de medicamentos e vacinas”, disse Russo em entrevista ao jornal brasileiro Correio Brasiliense na quinta-feira.
Técnicos brasileiros estiveram em Gamaleya em setembro para um treinamento de 12 dias, e a União Química está trabalhando na preparação de sua unidade de biotecnologia em Brasília, chamada Bthek, para receber a tecnologia de produção do princípio ativo vacinal IFA.
Na semana passada, executivos da empresa estiveram novamente na Rússia para esclarecer questões regulatórias que serão repassadas à Anvisa.
O executivo da União Química disse que o Sputnik V tem eficácia comprovada de 91,4%, com duas doses em um intervalo de 21 dias.
“A fabricação do IFA no Brasil garante mais soberania ao país; nos tornaremos menos dependentes de matérias-primas estrangeiras e menos dependentes da ‘boa vontade’ de empresas estrangeiras e governos estrangeiros”, conclui Rosso.
Segundo o porta-voz do RDIF, além do Brasil, outros países como China, Índia e Coreia do Sul também produzirão doses fora da Rússia.
Confira a matéria do The Rio Times na íntegra.