Atualizado em 05/02/2021
O Ministério da Saúde formalizou, nesta sexta-feira (5/2), manifestação de interesse na Sputnik V, a vacina russa contra a Covid-19. Devem ser importadas 10 milhões de doses para início da vacinação no Brasil. A previsão é que a quantidade aumente, com a fabricação do imunizante no Distrito Federal.
Representantes da União Química – farmacêutica que detém acordo para produção da fórmula russa contra o coronavírus no Brasil – e da pasta federal se reuniram nesta manhã.
O Ministério da Saúde divulgou uma nota, no início da tarde desta sexta, na qual confirmou a manifestação de interesse na compra das 10 milhões de doses da Sputnik V.
Segundo a pasta, a aquisição depende da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O preço, que deve ser competitivo, também será um fator determinante, de acordo com o comunicado oficial.
“Iremos contratar e comprar as 10 milhões de doses, se o preço for plausível, e efetuaremos o pagamento após a Anvisa dar a autorização para uso emergencial da Sputnik V, fazendo a imediata disponibilização aos brasileiros. Futuramente, a depender dos entendimentos que tivermos com a União Química, interessa-nos também adquirir a produção que a empresa vier a fazer no Brasil dessa vacina”, declarou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco.
O órgão informou que o Instituto Gamaleya, responsável pela vacina russa, enviou um cronograma que prevê a exportação de 400 mil doses ao Brasil, uma semana após a assinatura do contrato de compra. Mais 2 milhões de unidades do imunizante chegariam no país um mês após o acordo e outras 7,6 milhões seriam enviadas ao longo dos dois meses seguintes.
Ao chegar à sede do Ministério da Saúde, o dono da União Química, Fernando Marques, disse: “A expectativa é de que tenhamos vacina, pelo amor de Deus. O povo está morrendo”.
O diretor de Negócios Internacionais da empresa, Rogério Rosso, afirmou que espera avanço na conversa com o governo federal.
Após a reunião, Marques anunciou que a proposta com todos os detalhes deve ser apresentada na próxima semana. O preço dependerá do custo do frete, de acordo com o empresário. Se o acordo for fechado, a Sputnik V deverá ser incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI).
“A reunião foi muito, muito positiva. Nós apresentamos ao secretário-executivo Elcio nosso interesse de fornecer 10 milhões de doses da vacina Sputnik para atender rapidamente, nos próximos 60 ou 90 dias. Porém, estamos aguardando também a liberação da Anvisa”, assinalou.
A farmacêutica tenta a autorização de uso emergencial junto à Anvisa. Nesta semana, o órgão simplificou as regras para o processo.
Para solicitar o registro pela modalidade, não será mais necessário que as indústrias interessadas submetam suas fórmulas à terceira fase do estudo em território brasileiro. Isso pode facilitar a liberação da Sputnik V, que ainda não tem autorização para a fase 3 dos testes no país.
As empresas, porém, deverão se comprometer a entregar todos os dados, terminar o desenvolvimento do imunizante e apresentar o medicamento para registro completo no futuro. A agência terá até 30 dias para dar uma resposta, a partir dos pedidos das farmacêuticas.
Produção
Em entrevista ao Metrópoles, o dono da União Química, Fernando Marques, afirmou “não ter dúvidas” de que a vacina será incorporada ao Plano Nacional de Imunização. “É uma questão de tempo. Minha ansiedade é que ela entre logo”, ressaltou.
Para fins de teste-piloto, a União Química iniciou no Brasil o processo de produção do insumo farmacêutico ativo (IFA), matéria-prima do imunizante. A previsão de Fernando Marques é que a fabricação da Sputnik V comece entre março e abril e, até maio, chegue a 8 milhões de doses por mês.
Um estudo publicado pela revista científica The Lancet na terça-feira (2/2) apontou que a Sputnik V demonstrou eficácia de 91,6% contra o novo coronavírus. A proteção contra quadros moderados e graves chegou a 100%.
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Fonte: Metrópoles