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Alimentação de vacas leiteiras: exigências nutricionais e orientações

Atualizado em 06/01/2025

A alimentação das vacas leiteiras é um fator determinante na qualidade do leite produzido e na produtividade dos animais. 

Um manejo nutricional adequado garante não apenas a saúde e o bem-estar animal, mas a viabilidade econômica da produção leiteira.

Neste guia completo, vamos explorar como formular dietas balanceadas para atender às necessidades das vacas leiteiras em diferentes momentos de seu ciclo reprodutivo. 

Acompanhe a leitura e entenda como cada componente nutricional pode melhorar o desempenho de produção. 

Por que é importante cuidar da alimentação do gado de leite?

A alimentação adequada do gado de leite é fundamental para a saúde e a produtividade dos animais. 

Em geral, as necessidades alimentares variam conforme a fase de vida, incluindo mantença, produção, ganho de peso e gestação. 

Em cada uma dessas fases, é indispensável oferecer alimentos na quantidade e qualidade certas para atender a essas demandas. 

Dietas inadequadas podem levar a quedas na produção de leite e comprometer o desempenho do rebanho. 

Quais são as exigências nutricionais na alimentação das vacas?

As necessidades nutricionais das vacas não são fixas, mas variam de acordo com diversas características, como a fase de produção (lactação, gestação, seca), o peso corporal e as condições ambientais.

Em geral, a energia é o nutriente mais demandado, seguido pelas proteínas, minerais e vitaminas. Confira os principais nutrientes necessários:

  • Energia: fonte primária para todas as funções do organismo, incluindo crescimento, reprodução e sintetização dos componentes do leite (gordura, proteína e lactose). 
  • Proteínas: essenciais para a construção e reparo dos tecidos, produção de hormônios e enzimas, além de serem importantes para a produção de leite com alto teor de proteína, que é um importante fator de qualidade.
  • Vitaminas: atuam como coenzimas em diversas reações metabólicas do organismo, sendo essenciais para o bom funcionamento do sistema imunológico. Vitaminas, como a A e o complexo B, por exemplo, são especialmente importantes para a produção láctea.
  • Minerais: participam de diversas funções no organismo, como a formação de ossos e dentes, o equilíbrio hídrico e o funcionamento de enzimas. Além disso, cálcio, fósforo e iodo são essenciais para a produção de leite de qualidade.
Vacas se alimentando para representar a alimentação de vaca leiteira

Como funciona a alimentação das vacas leiteiras?

Para atender às exigências nutricionais do gado leiteiro, a dieta combina volumosos, como silagem, feno e capim picado, com concentrados ricos em energia e proteínas, além de minerais e vitaminas.

A proporção entre esses alimentos varia de acordo com a fase de lactação da vaca, sua produção de leite e a qualidade dos volumosos disponíveis. Adiante falaremos sobre como funciona a proporção em cada fase. 

Em geral, vacas em lactação consomem cerca de 3% de seu peso em matéria seca diariamente, com o consumo variando conforme a produção de leite. 

Como a alimentação representa de 40% a 60% dos custos de produção, uma nutrição eficiente é essencial para garantir resultados econômicos e produtivos no sistema leiteiro.

O que considerar na implementação de um sistema de alimentação para vacas?

Para implementar um sistema de alimentação eficiente, diversos fatores devem ser considerados para garantir a saúde e a produtividade do rebanho. De acordo com a Embrapa, é essencial avaliar:

  • Nível de produção: vacas de alta produção exigem dietas mais concentradas em energia e proteína.
  • Estágio da lactação: as necessidades nutricionais variam ao longo da lactação, sendo maiores no pico de produção.
  • Idade da vaca: novilhas e vacas adultas têm diferentes exigências nutricionais.
  • Consumo esperado de matéria seca: a quantidade de alimento que a vaca consome influencia diretamente a sua nutrição.
  • Condição corporal: a alimentação alinhada à condição corporal garante o bom desempenho reprodutivo e a saúde da vaca.
  • Tipos e valor nutritivo dos alimentos: a qualidade dos alimentos utilizados na dieta influencia diretamente a sua eficiência e os resultados esperados.

Confira também: Manejo de vacas leiteiras: como fazer e cuidados durante o processo

Como fazer a nutrição das vacas leiteiras?

A nutrição das vacas leiteiras deve considerar as cinco fases do ciclo produtivo, com requisitos específicos para cada uma. Esses estágios são:

  1. Início de lactação (0 a 70 dias): pico de produção de leite.
  2. Pico de consumo de alimento (70 a 140 dias): produção de leite em declínio.
  3. Metade e final da lactação (140 a 305 dias): gestação e declínio na produção.
  4. Período seco (40 a 60 dias antes da próxima lactação): recuperação e gestação.
  5. Transição e pré-parto (14 dias antes do parto): preparação para a lactação.

Nos próximos tópicos, abordaremos a nutrição de cada fase em detalhes, acompanhe!

1. No início da lactação

No início da lactação, a produção de leite aumenta rapidamente, alcançando o pico entre 6 e 8 semanas após o parto. 

Nessa fase, o consumo de alimentos geralmente não acompanha a alta demanda energética, levando à mobilização de reservas corporais e à perda de peso. 

Para minimizar esse impacto, a dieta deve incluir ração ajustada com níveis adequados de energia e proteína.

O aumento gradual da quantidade de grãos, até 0,5 kg por dia, é indicado, mas nunca deve ultrapassar 60% da matéria seca total, para evitar acidose e baixa gordura no leite. 

A fibra deve ser mantida em no mínimo 18% de FDA e 28% de FDN, com partículas de forragem de pelo menos 5 cm para favorecer a ruminação.

Proteínas também são críticas, podendo alcançar 19% da proteína bruta na ração para sustentar a alta produção. 

Oferecer forragem de alta qualidade, acesso constante ao alimento e minimizar o estresse são práticas essenciais para evitar cetose e garantir uma boa produção ao longo da lactação.

2. No pico de consumo de alimento

Vaca preparada para se alimentar representando a alimentação de vaca leiteira

No pico de consumo, as vacas atingem o máximo de ingestão alimentar, o que é essencial para sustentar a alta produção de leite. Nesta fase, elas devem parar de perder peso e começar a ganhar pequenas quantidades diárias. 

Para tanto, a ração deve conter até 40% de carboidratos não fibrosos, enquanto a qualidade da forragem continua sendo importante para manter a função ruminal e o teor de gordura no leite.

Para otimizar o consumo de alimento, é fundamental fornecer alimentos de alta qualidade várias vezes ao dia, limitar o uso de ureia a cerca de 100 gramas diários e reduzir as condições de estresse. 

Problemas como cetose e queda na produção de leite podem surgir se esses cuidados não forem tomados.

3. Na metade e final da lactação

Na metade e reta final da lactação, a produção de leite diminui e a vaca entra em gestação. Os nutrientes necessários são mais fáceis de atender, permitindo reduzir a energia na dieta e repor as reservas corporais. 

Vacas jovens, especialmente as de primeira cria, necessitam de aproximadamente 20% a mais de nutrientes para atender às demandas de crescimento e produção.

Nesta fase, é possível aumentar a inclusão de ureia na ração sem comprometer a saúde do animal.

Apesar de ser um período mais estável, a produção de leite pode cair de 8% a 10% ao mês, exigindo ajustes na dieta para evitar declínios maiores. O bom manejo nessa etapa prepara o animal para o próximo ciclo. 

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4. No período seco

O período seco é essencial para preparar a vaca para a próxima lactação. A dieta deve atender às necessidades de manutenção, crescimento fetal e reposição das reservas corporais.

Recomenda-se uma ração com 12% de proteína bruta e consumo de matéria seca equivalente a 2% do peso vivo. Forragens devem compor pelo menos 50% da matéria seca total, enquanto grãos não devem ultrapassar 1% do peso vivo.

O equilíbrio de cálcio (60 a 80 g/dia), fósforo (30 a 40 g/dia), vitaminas (A, D e E) e minerais traços como selênio ajudam a prevenir problemas metabólicos. 

Mas considere que vacas obesas estão mais propensas a desordens como febre do leite e retenção de placenta. 

Ajustar a dieta, iniciar a transição duas semanas antes do parto e evitar excessos de nutrientes são práticas essenciais para um manejo eficiente.

5. Na transição e período pré-parto

O período seco é fundamental para a saúde e o bem-estar da vaca leiteira. É durante essa fase que ela se prepara para a próxima lactação, recuperando suas reservas de energia e desenvolvendo o feto. 

Duas semanas antes do parto, deve-se incluir gradualmente grãos na dieta para adaptar a microbiota ruminal e estimular as papilas responsáveis pela absorção. Aumentar a proteína e reduzir gorduras na ração também ajuda a manter o consumo de alimentos.

Suplementar sais aniônicos ou niacina pode prevenir cetose e febre do leite. 

É importante evitar o excesso de nutrientes, especialmente cálcio e fósforo, pois isso pode levar a desequilíbrios minerais e problemas metabólicos.

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Conclusão

A atenção à alimentação das vacas leiteiras é essencial para garantir saúde, produção eficiente e qualidade do leite. 

Afinal, cada fase do ciclo produtivo demanda um manejo alimentar específico, sempre alinhado às necessidades do animal. 

Para mais informações sobre o tema, acesse nosso blog e confira outros artigos sobre nutrição animal.

Fontes: 





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